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Paz e Esperança Brasil acompanha discussões contra o retrocesso na Política Nacional de Direitos Humanos

Nesta quinta-feira (18/02), parlamentares da Câmara dos Deputados, ex-ministros de Direitos Humanos do Brasil e entidades ligadas à defesa de direitos humanos discutiram em reunião online a Política Nacional de Direitos Humanos (PNDH) e os efeitos negativos da Portaria 457/2021, publicada em 10 de fevereiro pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Entre as dezenas de entidades representadas estiveram Paz e Esperança Brasil, e a Rede Cristã de Advocacia Popular (Recap).

A reunião

A fala dos ex-ministros de Direitos Humanos ponderou, entre outros assuntos, a construção da PNDH e como agora esta construção de décadas junto à sociedade civil enfrenta risco de retrocessos na gestão do presidente Jair Bolsonaro. Maria do Rosário, ex-ministra de Direitos Humanos entre os anos de 2011 e 2014 na gestão de Dilma Rousseff e atual deputada federal pelo PT/RS, destacou que os órgãos colegiados de defesa de direitos humanos (como CONANDA, COETRAE, etc) ficaram sem definição de presidência e nomeação, esquecidos na pauta durante a gestão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) e, como conseqüência, os projetos de leis que poderiam efetivar a PNDH não foram postos em pauta para regulamentar as nomeações e orçamento para o funcionamento destes conselhos nacionais.

Para o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), a agenda da truculência e do obscurantismo foi manifestada nas ações do deputado Daniel Silveira esta semana, preso por fazer apologia ao AI-5 e proferir ameaças e xingamentos a membros do Supremo Tribunal Federal. Ramos recebeu com entusiasmo a discussão e se declarou como um interlocutor para resgatar o PNDH-3, programa aprovado em 2009 que estabelecia ampla participação da sociedade civil nas discussões e nas ações da Política Nacional de Direitos Humanos. Ainda para o deputado, valores como direitos humanos, direito ao trabalho, direito a alimentação, são valores civilizatórios.

A ex-procuradora do Ministério Público Federal, Déborah Duprat, defende que o enfrentamento aos retrocessos na PNDH devem ser feitas através de ações junto ao Supremo Tribunal Federal. De acordo com Duprat, há pelo menos 30 dispositivos constitucionais que defendem como a participação da sociedade civil deve ocorrer no campo dos direitos humanos. Ela também chama atenção para o fato de que os planos nacionais não nascem de uma iniciativa do estado, ou do governo, e sim de Conferências Nacionais de Direitos Humanos, com ampla discussão da sociedade civil.

Tiveram participações oito deputados federais, o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, os ex-ministros dos Direitos Humanos Nilmário Miranda e Paulo Vanucci, além do jornalista Leonardo Sakamoto e o presidente do Conselho Nacional dos Direitos Humanos, Yuri Costa. A reunião online durou mais de três horas e foi transmitida ao vivo pelo Facebook da deputada Maria do Rosário e pode ser vista clicando aqui.

Paz e Esperança Brasil

A Associação Paz e Esperança Brasil, que tem atuação direta no campo dos direitos humanos, está atenta aos movimentos pela desestruturação da PNDH no Brasil e se posiciona contra os retrocessos para os quais a Portaria 457/2021 abre espaço. De acordo com o pesquisador associado e representante da organização na reunião, Marcus Vinicius Matos, “não se muda a política de direitos humanos com reuniões secretas”, que é o que propõe a portaria, eliminando a participação social na condução da PNDH.

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