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100 dias sem Marielle

A justiça virá, o Brasil a verá
Carta de Paz e Esperança Brasil sobre a execução de Marielle e Anderson

Ó Senhor Deus, até quando clamarei pedindo ajuda,
e tu não me atenderás?
Até quando gritarei: “Violência!”,
e tu não nos salvarás?
Por que me fazes ver tanta maldade?
Por que toleras a injustiça?
Estou cercado de destruição e violência;
há brigas e lutas por toda parte.
Por isso, ninguém obedece à lei,
e a justiça nunca vence.
Os maus levam vantagem sobre os bons,
e a justiça é torcida.
​​Habacuque 1:2-4​

Impossível não lembrar o profeta Habacuque ao ler a última publicação de Marielle Franco nas redes sociais. Na noite de sua morte ela escreveu:  “Até quando? Até quando? Quantos vão precisar morrer para acabar essa guerra?”.

É com profunda tristeza que nós, do Paz e Esperança Brasil, escrevemos esta primeira manifestação pública. Somos a associação mais recente a se unir à fraternidade de organizações que compõe​m a família Paz y Esperanza com presença em oito países.

Escrevemos para compartilhar de mais um episódio de dor e perda – que lamentavelmente tem sido constante em nosso país – que desta vez vitimou uma importante e simbólica liderança popular da cidade do Rio de Janeiro,​  a vereadora Marielle Franco.

Olhar o presente e pensar o futuro de Marielle nos dava a certeza de que ela era uma liderança fundamental. Ela era uma potente e concreta expressão de tantas vozes que têm sido violentadas e silenciadas. Ela representava a esperança encarnada para tantas mulheres negras de periferia, das favelas, um exemplo, um objetivo, um orgulho.

Na execução ocorrida na noite do dia 14 de março o seu motorista, Anderson Gomes, foi mais uma vítima que ​se junta, ​com Marielle, aos 60 mil brasileiros que são assassinados a cada ano em nosso país. Na sua grande maioria estes mortos têm cor, a negra, e pertencem a uma classe social, são pobres.

O exemplo e a vida de Marielle são potente alimento para a nossa mobilização. Hoje nosso luto e nossas orações estão voltados para os seus familiares e amigos. Hoje nossas vidas carregam esta marca, dor profunda, mas seguimos em pé com a certeza de que a única direção é a que Marielle viveu, assumiu e defendeu, estar ao lado dos Direitos Humanos, caminhar junto àqueles que sofrem, que são oprimidos e oprimidas por serem pobres, pretos, pretas, LGBTs, moradores de favelas.

O Brasil foi as ruas homenagear a vida e luta desta mulher. Pedimos que nossos irmãos e irmãs da família Paz e Esperança se unam a nós neste clamor. Que a graça, a paz e a justiça de Deus se façam presentes de forma abundante sobre a cidade do Rio de Janeiro.

A resposta de Deus a Habacuque nos inspira e é nesta esperança e fé que permaneceremos firmes, guardando na memória a beleza, o sorriso e a paixão com que Marielle Franco viveu e nos inspirou nestes seus 38 anos de vida. A justiça “certamente virá e não se atrasará” (Habacuque 2:3): a esperaremos de forma ativa, na fé do Espírito e na certeza de que esta é a luta em que precisamos estar.

Rio de Janeiro, 16 de março de 2018


Associação Paz e Esperança Brasil

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