O Brasil é um país múltiplo e com diversas riquezas que convivem com um contexto histórico e permanente de profunda desigualdade social. No Relatório Mundial de Desigualdades de 2018 foi identificado que é no Brasil que os 1% mais ricos da população detém a maior parte da riqueza nacional (28%), numa situação extrema de concentração e desigualdades.

Outros dados dão conta do elevado número de homicídios que ocorrem no país, em torno de 60 mil ao ano. Dezenas de defensores de direitos humanos são assassinatos a cada ano e conflitos envolvendo questões relacionadas à terra são recorrentes. Jornalistas e políticos também são vítimas desta violência, num contexto em que há elevado número de desaparecidos e  significativas vítimas de “balas perdidas”.

Este quadro complexo leva a situação como a de que a polícia tem um alto número de agentes mortos no Rio de Janeiro, sendo uma das que também mais tem tem causado mortes em consequência de sua atuação, num ciclo de violências que parece não ter fim.

Diante desta situação consideramos ser fundamental o desenvolvimento de ações que tenham como foco o enfrentamento às desigualdades sociais e a promoção e a defesa dos Direitos Humanos. Fora destas opções consideramos não haver outra possibilidade para a construção de um Brasil repleto de paz e esperança.

Infância em risco

Estamos preocupados com a alta taxa de violência sexual, violência física, tráfico de pessoas, discriminação racial e por deficiências que afetam às crianças. Existem fatores de risco, como a falta ou a fragilidade de instituições ou serviços públicos em comunidades pobres.  A má qualidade dos serviços contribui para o aumento da violência.

Por esta razão, é necessário desenvolver uma atitude crítica que questione as relações de violência, as quais envolvem questões raciais, de gênero e práticas culturais autoritárias e machistas.

Violência de gênero

Dados de 2018 revelam que uma mulher é assassinada á cada duas horas no Brasil. Em 2017 um pouco mais de 20% dos homicídios dolosos (946 casos) foram identificados como feminicídios, ou seja, casos de mulheres mortas em crimes de ódio motivados pela condição de gênero. Um aumento de 6,5% em relação à 2016, numa realidade em que ainda há significativa subnotificação.

Conforme dados da Organização Mundial da Saúde, o Brasil ocupa a 7ª posição entre as nações mais violentas para as mulheres de um total de 83 países.